SEGURANÇA: PRIORIDADE ZERO

Passadas as eleições, um recado claro pode ser extraído das urnas. Regra geral, governos estaduais que investiram na segurança pública de seus cidadãos obtiveram melhor avaliação. O Rio de Janeiro, que implantou em sua capital as chamadas Unidades de Polícias Pacificadoras (UPP), é um exemplo. São Paulo é outro. O Estado registrou quedas relevantes em crimes contra o patrimônio, homicídios, latrocínios e roubos de carga, quando se compara janeiro a setembro de 2010 com o mesmo período do ano anterior.

A questão, porém, é mais complexa e o que se espera agora é que os governantes federais e estaduais recém-eleitos se debrucem sobre a questão, de forma a encontrar respostas para este desafio que é de assegurar, no País, o direito que tem todo cidadão à segurança.

Para ficar nos exemplos acima, é notório que, com as UPPs no Rio, a criminalidade “desceu ao asfalto”, intensificando “arrastões” e atos de ousado vandalismo, como são os sucessivos incêndios de veículos que a mídia acaba de registrar.

Em São Paulo, houve queda nas estatísticas, mas é preciso lembrar que, em 2009, ocorrências como roubos aumentaram cerca de 19% em relação aos registros do ano anterior. Foram quase 70 mil roubos, recorde na série histórica deste tipo de crime. Além disso, no terceiro trimestre deste ano os roubos contra o patrimônio privado no Estado cresceram 4% - foram mais de 277,6 mil ocorrências somente entre julho e agosto -, comparados com igual período de 2009.

Esses dados e fatos mostram a complexidade de se encontrar respostas adequadas para a questão de segurança. Algumas delas são sobejamente conhecidas. Nos diagnósticos dos mais renomados especialistas, é possível encontrar uma unanimidade: sempre que as ações de segurança pública se concentram em uma atividade, o crime migra para outra ilicitude. Daí se depreende que, por ser questão que exige prioridade zero, a segurança deve ser equacionada de forma global – nunca pontual.

Faço essas observações para situar o papel da segurança privada no Brasil, considerada a quinta mais eficaz do mundo, justamente porque soube somar planejamento com investimentos em recursos físicos, eletrônicos e, principalmente, humanos, ao treinar adequadamente seus profissionais.

Veja-se, para ilustrar, o desempenho da segurança privada no setor bancário. Em São Paulo, de acordo com dados da Secretaria de Segurança estadual, o número de roubos a agências bancárias caiu 42% entre 2006 e 2009. A previsão para 2010 é de queda ainda maior.

Menciono esses registros para ressaltar uma convicção: ao lado de todos os instrumentos e ações que devem ser considerados para encaminhar o problema da segurança, a prevenção está em lugar privilegiado. Sempre que possível, tenho enfatizado: prevenção é um conceito elementar da segurança privada. A analogia com as questões de saúde pública é inevitável. Neste caso, também, o investimento na prevenção, além de menos oneroso, é muito mais eficiente na busca do bem-estar dos cidadãos. Se antecipar à doença é mais barato do que curá-la.

Como demonstram os números relativos aos bancos, é possível atuar preventivamente e em conjunto com a segurança pública, em integração que reserva a esta última o cumprimento de seu papel constitucional, qual seja a coação e pronta resposta diante da criminalidade. Em outras palavras, quando esta integração se intensifica, como ocorre nos países que conseguiram superar graves problemas de segurança, os crimes se reduzem em todas as suas perversas modalidades.

Vivemos um momento especialmente propício para encaminhar soluções para o problema da segurança. Em primeiro lugar, hoje as autoridades estão mais conscientes e melhor informadas sobre a questão. Com isso, o desafio da opinião pública é propugnar para que os governos estadual e federal superem eventuais divergências político-partidárias em nome de ações unificadas que aumentem a eficácia no combate ao crime.

De outra parte, é preciso intensificar em todo o País a integração entre a segurança pública e privada. Por último, há um desafio a ser vencido pelas empresas do setor: sensibilizar a opinião pública e, sobretudo, as organizações empresariais de que o investimento em segurança privada é vital para o sucesso da luta contra o crime. Afinal, como diz o popular ditado: de que adianta trocar a fechadura só depois que o ladrão já arrombou a porta?

JOSÉ ADIR LOIOLA, empresário, é presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado de São Paulo (SESVESP)

Fonte: Assessoria de Imprensa do SESVESP

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