Brasil perde quase R$ 10 bilhões por roubo em lojas todo ano
Um economista da Universidade de São Paulo (USP) estudou o impacto dessa atividade criminosa em todo o comércio. O valor das perdas é espantoso.
Um homem está em uma livraria, parece um intelectual, tantos eram os exemplares na mão dele. Em busca de mais conhecimento, ele se agacha e encontra o que procura. Mas o que ele quer mesmo é furtar os livros. Coloca todos debaixo da camisa, como se ninguém estivesse vendo.
Já uma senhora está em uma loja de roupas. Uma amiga olha para trás, para ter certeza de que ninguém vai flagrar o furto. A senhora, então, guarda sapatos em uma bolsa e, depois, coloca uma bolsinha dentro da mesma bolsa.
De furto em furto, o Brasil perde muito dinheiro. O economista Cláudio F. de Ângelo, do Programa de Administração em Varejo da Universidade de São Paulo (USP), estudou o impacto dessa atividade criminosa em todo o comércio. O valor das perdas é espantoso.
"Nós estaríamos falando em alguma coisa como R$ 10 bilhões por ano. Isso corresponde, aproximadamente, a uma semana de produção e de atividades da cidade de São Paulo", calcula.
O estudo não tem os números do furto nesta época do ano, mas é certo que o volume é maior, já que as lojas ficam muito mais cheias.
Segundo o diretor de uma empresa de segurança Luiz Fernando Sambugaro, todo tipo de gente furta. "Não tem credo, cor, sexo ou idade. Em todas as classes e categorias, furtam. Alguns profissionalmente, outros por oportunidade", diz o especialista.
Um homem vê a oportunidade. Ele verifica se não há nenhum segurança por perto, pega um CD e tenta tirar o lacre. Como não consegue, guarda o CD na bolsa e tenta disfarçar, apoiando na prateleira, como se nada estivesse acontecendo. Só falta assoviar.
Outro tenta um golpe mais sofisticado. Um casaco, que era dele, está nos ombros, quase fazendo uma capa. E em uma das mãos ele tem várias peças de roupa e uma bolsa da loja, tudo para tentar fazer uma barreira visual que ajude a esconder o furto.
Outro homem, que entrou na loja de chinelos, pega um par de tênis. Quando experimenta o calçado, aproveita para tirar a etiqueta. Com objetivo cumprido, o homem sai. Em seguida, ele aparece no caixa com várias peças de roupa, só que o tênis continua nos pés dele. A ideia parece ser pagar pelas roupas e levar o tênis sem ninguém perceber. Ele estava tão confiante no golpe que deixou os chinelos velhos para trás. No caixa, o homem chega a tirar dinheiro para concluir a compra, mas desiste. Uma funcionária da loja nem embrulha a pilha de roupas, e ele vai embora com os tênis nos pés. O que ele não sabe é que o monitoramento da loja acompanhou todo o furto pelas câmeras de vigilância. Depois que ele sai, os seguranças interceptam o ladrão.
Quanto mais investimento em tecnologia de segurança, maiores são as chances de evitar o furto.
"Não mais do que 10% a 15% do varejo brasileiro hoje têm noção real daquilo que representa a perda no mercado e têm a sua proteção estabelecida", diz Luiz Fernando Sambugaro. "Grandes lojas, como as âncoras de shopping, e os grandes supermercados são protegidos. Mas a média toda está muito abaixo daquilo que precisariam ter como proteção".
O comércio popular até tem câmeras de segurança, mas a principal tecnologia ainda é humana: o olheiro na porta faz papel de segurança.
"Tem sempre uma pessoa na frente que fica olhando. Se a pessoa que está na frente estiver sempre atenta, a pessoa que tiver a intenção de furtar alguma coisa vai se intimidar", acredita o segurança Thiago Lira.
Fonte: Site do FANTÁSTICO
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