Especialistas dão dicas de como evitar assaltos a condomínios
Ter porteiros trabalhando 24 horas é fundamental, afirmam. Em SP, já houve 36 roubos deste tipo no ano.
Quadrilhas especializadas atacaram 36 condomínios no Estado de São Paulo este ano, de acordo com levantamento da polícia. O pavor dos moradores dos prédios levou o comando da polícia a criar uma delegacia só para combater este tipo de crime. A ordem é agir e impedir novos roubos. A reportagem do Fantástico foi ouvir especialistas para darem dicas de como evitar este tipo de roubo.
A policia está à procura de um homem que foi flagrado por câmeras de segurança e que é acusado de um crime que preocupa moradores do país inteiro: o assalto a condomínio. Um dos prédios roubado tem cinco andares e fica em Ipanema, Rio de Janeiro. Eram 23h40 do dia 4 deste mês, uma sexta-feira.
Em poucos segundos, o rapaz conseguiu abrir o portão. Como não houve arrombamento, a suspeita é de que ele tinha uma cópia da chave. Dentro do prédio, o ladrão fica à vontade. Motivo: o porteiro já tinha ido embora, pois trabalha das 8h às 20h.
Sem ser incomodado, o rapaz olha as gavetas, vai à garagem, vê se os carros estão abertos. Depois de alguns minutos, decide o que roubar. Primeiro, carrega uma bicicleta que ele mesmo desmontou. Depois, outra. “Imagina se alguém está monitorando essas imagens. A polícia chega na hora, ele estava lá dentro ainda”, observa a delegada Tércia Silveira.
O ladrão até acena para a câmera - sinal de que não está preocupado com nada. Na sequência, para o carro na entrada da garagem e volta a roubar. O rapaz pega um monitor de LCD e uma televisão, que eram usados no sistema de segurança do prédio.
Mas todos os movimentos dele eram gravados por um equipamento que estava na sala trancada do síndico. O assalto termina 40 minutos depois. Antes de fugir, o rapaz ajeita o que roubou dentro do carro. “Os moradores correram um risco de chegarem, serem rendidos, porque a gente não sabe se ele está armado, provavelmente estava armado”, ponderou a delegada.
24 horas
José Elias de Godoy, capitão da Polícia Militar de São Paulo, já escreveu dois livros sobre segurança em condomínio. Ele acha fundamental que os prédios tenham porteiros trabalhando 24 horas. “Ele auxilia bastante, mas desde que ele esteja realmente preparado. Às vezes, se investe muito em equipamentos e não se investe nos funcionários e vai tudo por água abaixo”, afirmou.
Outro condomínio em Copacabana, no Rio, também sofreu um assalto, que foi gravado pelas câmeras de segurança. Era abril deste ano. Os supostos ladrões estão com um morador - dominado momentos antes, fora do prédio. Os suspeitos - que ainda não foram presos - disseram ao porteiro que eram amigos da vítima. Todos estavam visivelmente nervosos.
'O porteiro poderia ter percebido que algo estava errado e chamado a polícia, disse o delegado Mastins Júnior. "Na dúvida, é preferível que a policia se dirija até o local e seja um mal entendido", completou.
Os especialistas em segurança fazem outro alerta: “Em quadrilhas que roubam condomínios, normalmente tem uma mulher envolvida”, alerta José Elias. Foi o que aconteceu no mês passado, em Juiz de Fora, Minas Gerais. As câmeras registraram quando uma mulher e um homem roubaram um violão e o aparelho de som de um dos carros. Ao ser preso, o casal confessou que assaltava prédios desde o começo do ano.
Em julho, em São José do Rio Preto, a 438 km de São Paulo, duas mulheres convenceram o porteiro de que eram amigas de uma família que estava viajando. Elas arrombaram o apartamento e fugiram com um cofre cheio de jóias. “Através do charme, da sensualidade, acaba enganando a pessoa que está na portaria e faz com que seja aberto o portão”, explicou Godoy.
Três mortes
Mês passado, na Lapa, Zona Oeste da capital paulista, ocorreu o caso mais violento do ano. Segundo a polícia, o porteiro abriu a garagem pensando que era o carro de um morador. Foi assim que começou o assalto. Quinze pessoas foram dominadas. Um morador chamou a polícia e, na troca de tiros, três suspeitos morreram.
Os seis assaltantes presos tinham até uma metralhadora de fabricação caseira. A arma dispara cem tiros por minuto. “É isso que nos preocupa: são essas ações articuladas por quadrilha e que eventualmente está colocando em risco toda sociedade”, afirmou o delegado Waldomiro Milanesi.
Um condomínio numa área nobre de São Paulo investiu alto em segurança: 48 câmeras estão espalhadas em pontos estratégicos e a guarita tem vidros blindados e grades de proteção reforçadas. “A notícia de que está sendo tomada providências de segurança já inibe o ladrão. O que não pode é não fazer nada”, indica Alcides Paranhos Júnior, dono de empresa de segurança.
A polícia diz que alguns cuidados não custam nem um centavo e também ajudam a intimidar os criminosos. “Primeiro: oriente os seus funcionários a não comentar quem é o seu patrão ou quem mora no prédio. Segundo: observar sempre a visita de pessoas inesperadas ou serviços não contratados”, ensina o delegado Waldomiro Milanesi.
“Percebeu qualquer situação diferente, de imediato acione a Policia militar pelo 190”, orienta José Elias de Godói.
Fonte:G1.com.br
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